INTRODUÇÃO
Não
resta-nos dúvidas de que “Saber é Poder”, frase esta
proferida por Francis Bacon (1561-1626), um dos fundadores do chamado método indutivo
de investigação científica. No mundo em
que se vive, todavia, marcado este pela exclusão social, pela ideologia, pelo individualismo,
pelo consumismo, pela meritocracia, pela xenofobia, etc., segundo tem-nos demonstrado
os resultados de diversos estudos e pesquisas por nós realizados nos últimos
anos, pode-se com propriedade afirmar, existem hoje cinco formas distintas de alienação
e/ou de ausências de saber-poder,
ou seja, de ditos ídolos, tais quais aqueles descritos por Bacon, F., e que se devem
buscar superar, a saber:
1
– A alienação em relação a supostas e ditas capacidades ou incapacidades
inatas, relativas à aprendizagem, à inteligência e/ou ao desenvolvimento da
racionalidade, dadas entre os homens de diferentes classes ou grupos
socioculturais. Ou seja, a alienação em relação às ideias de que se é de fato
verdadeiro que alguns homens nascem inteligentes e/ou racionais e outros não (muitas
vezes utilizadas estas pelas elites conservadoras para poderem justificar as
desigualdades sociais, não somente no Brasil, mas em escala planetária).
2-
A alienação sobre as reais causas das condições de exclusão social dos
indivíduos pertencentes à sociedade civil, ou seja, a ausência do entendimento
de que se vive, enquanto proletário e/ou cidadão-consumidor, além de na
condição de escravo assalariado do capital, também refém dos juros e das regras
de consumo do mercado capitalista;
3-
A alienação sobre a condição de analfabeto político, isto é, a ausência da
compreensão de que não existem mais diferenças essenciais entre ditos políticos/partidos
ditos de direita e de esquerda; a ausência da compreensão de que a democracia
representativa não é democracia de fato, isto é, de que ela não funciona na
prática, etc.
4
– A alienação sobre a necessidade e/ou a importância de se desenvolver a
tolerância, o respeito às diferenças e/ou aos diferentes, sejam elas e/ou eles de
que naturezas forem, uma vez que o homem, como certa vez afirmou Aristóteles, é
também um ser social e um animal político;
5
– A Alienação sobre a necessidade e/ou importância de se buscar desenvolver a
consciência crítica de si e de mundo, estando-se dentro ou fora das instituições
ditas educativas.
II
Em
outras palavras, um ser, hoje, alvorecer do séc. XXI, considerado possuído
por ídolos (no sentido de possessão espiritual, já que em filosofia
espírito significa ideia), alienado e/ou destituído de saber-poder,
entre outras coisas, é aquele que:
A
– Desconhece suas potencialidades humanas. Ou seja, desconhece tudo o que, ele,
exatamente por ser Homo Sapiens (diferente dos ditos animais irracionais), e
independentemente das suas diferenças socioculturais, pode vir a ser.
B –
É e/ou está excluído (socialmente falando), mas não sabe as razões e/ou os porquês
da sua condição de exclusão social/pobreza e nem tampouco como sair dela (muitos
inclusive ainda hoje acreditam que as suas exclusões sociais são frutos de uma espécie
de sina, do pecado, da falta de sorte, da suposta falta de inteligência, etc.).
C
– É analfabeto político, mas não sabe que o é. E, o pior de tudo: acredita que
as decisões políticas, na maioria das vezes, não têm nenhuma ou quase nenhuma
relação intrínseca e/ou direta com as causas da sua condição social de exclusão,
etc.
D – É xenófobo, etnocêntrico e/ou
desrespeitoso das diferenças por pura convicção; por pura ideologia de grupo ou
de classe; por achar que algumas etnias e/ou culturas, como a sua, são melhores
do que as de outras. Por outro lado, quando se vê em situações de discriminação
por causa da sua condição social, cultural e/ou de cor, paradoxalmente, defende
discursos igualitários;
F
– É um indivíduo que, na condição de compartilhador das ditas verdades e/ou
saberes que circulam no senso comum, não possui desenvolvidas as consciências críticas
de si e de mundo (exatamente por alienadamente acreditar que estas se deem por
meio da leitura de jornais, revistas, noticiários de TV, rádio e internet e/ou
porque já se deram ou também se dão a partir de um mero acesso e/ou alcance do
dito sucesso nas instituições ditas educativas, ao receberem os seus ditos
diplomas, depois de por elas serem ditos formados/formatados).
III
Na
unidade I, sendo assim, epistemologicamente fundamentado em Nietzsche, Heidegger,
Aristóteles e outros, traremos saberes que, ao mesmo tempo em que
clarificam-nos sobre as diferenças essenciais existentes entre homens e animais,
delineiam também um caminho relativo a tudo o que o homem de fato pode ou não
pode vir a ser a partir da constatação do que ele é, independentemente de suas
diferenças socioculturais, ainda que condicionado por elas.
Na
II, traremos saberes para que o indivíduo, a partir deles, possa não somente
compreender, mas também se libertar da sua condição de exclusão social ou
pobreza; na III, para que ele possa se tornar mais atento e/ou participativo
das questões políticas, uma vez que estas possuem uma ligação direta com as
suas condições de vida; na IV, para que ele possa (ao conscientizar-se; ao
entender a importância do respeito às diferenças), abdicar de ser um Ser
xenófobo, etnocêntrico, genocida ou biocida potencial; na V, finalizando, para
que ele possa buscar ser capaz de desenvolver a sua consciência crítica de si e
de mundo rumo ao resgate da sua condição de sujeito pensante, ou seja,
de emancipado intelectual.
Esperamos
que, esse livro, assim como todas as obras do autor, possa contribuir à
formação de uma geração mais crítica, mais humana, politicamente participativa,
socialmente equitativa, tolerante, respeitosa das diferenças e, na mesma via,
mais autônoma e transformadora da realidade social de si e do mundo em que se
vive.
O
autor
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