segunda-feira, 16 de agosto de 2021

INTELIGÊNCIA TRANSCENDENTAL


 (A5, 136p.)

O ser humano, atingindo ou não a sua chamada idade da razão, no encontro da vida social com outros seres sociais, e/ou simplesmente por ter sido lançado no mundo sem ter pedido e/ou sem saber a razão e nem o porquê, num determinado momento de sua existência (em alguns casos mais cedo, em outros mais tarde) tende a passar por náuseas, espantos, temores, tremores e/ou angústias existenciais, onde todos ou quase todos os seus valores essenciais serão postos em xeque, sendo passíveis ou não de quebras, restando-lhe apenas três possibilidades.

1-   Tentar voltar, da maneira dita mais rápida possível, depois do estado de caos sofrido, a ser ele mesmo, o mesmo de sempre, sem buscar realizar quaisquer mudanças essenciais em si;

2-   Tornar-se patológico, isto é, passar a ser considerado como alguém que, devido a grandes problemas existenciais, perdeu a dita razão, não conseguiu reorganizar-se mentalmente e/ou voltar a si; ou, numa outra via qualitativa:

3-    Transcender: construir novos sentidos para a sua própria existência, tornando-a melhor e/ou mais significativa do que até então era ou tinha sido, ou seja, antes de passar por estados de náuseas, angústias, tristezas profundas, muitas vezes ocasionadas, por exemplo, em razão de perdas socioafetivas, financeiras, doenças, perdas de familiares, mortes de entes queridos, etc.

Na primeira o ser não evolui: “quer voltar a ser ele mesmo”; “quer continuar a ser o dito mesmo de sempre”; “quer voltar a sua vida “dita normal” o mais depressa possível, como se nada de grave lhe tivesse de fato ocorrido, ou seja, almejando-se esquecer-se logo de tudo o que de trágico vivenciou.

Na segunda, o ser perde o logos, a razão, aprisiona-se patologicamente agora num mundo imerso de caos e, sem forças para lutar, para reerguer-se, para superar-se, “abdica da tarefa de viver”; “abdica da busca pela resolução dos seus problemas existenciais mais profundos” e, à revelia de si, fora da sua consciência e/ou da sua capacidade de superação, “opta” pelo “auto-abandono”.

Na terceira, diferentemente das duas outras trágicas possibilidades, o ser desenvolve a capacidade de transcendência ou a dita inteligência transcendental: ele passa a querer criar e/ou dar um sentido para a sua própria existência, para a realidade em que vive, buscando transformá-la ao transformar-se,  isto é, buscando renová-la por meio da busca pela renovação do seu próprio entendimento sobre o que vale ou não a pena ser vivido. Ou seja, elegendo, para si, somente valores que, agora, possam ser realmente dignos da sua existência.

II

Ao coletivo de capacidades, competências e/ou habilidades (sejam de que naturezas ou áreas do conhecimento forem) que fazem com que os seres, por meio deles, consigam superar e/ou suportarem as suas náuseas, angústias, espantos, temores, tremores, desesperos e passividade de viver, sem, todavia, nesses mesmos processos, terem os seus “Eus” destruídos e/ou dissolvidos no meio da massa humana, e que poucos homens conseguem desenvolver durante as suas inserções na vida social, chamamos aqui de Inteligência Transcendental.

III

Na primeira unidade, de forma epistemologicamente fundamenta, sob a égide da busca pelo diálogo entre as ideias de pensadores existencialistas como Martin Heidegger, Jean-Paul Sartre, Gabriel Marcel, Kierkegaard, do psicólogo Carl Rogers, e também sob o olhar do filósofo independente Friedrich Nietzsche, discorreremos sobre o que é a Inteligência Transcendental, e também sobre a sua importância para o resgate e/ou manutenção da saúde dos seres sociais.

Na segunda, didaticamente, apresentar-se-ão proposições éticas ou práticas, a fim de que, por meio delas, a Inteligência Transcendental possa também – ainda que de forma não utilitarista – ser utilizada como um mecanismo, não somente de defesa ou resistência, mas também de luta ou busca pela preservação da identidade do ser, durante os seus processos de encontro e/ou confronto com outros, os ditos estranhos, estrangeiros e/ou diferentes.

Esperamos que esse livro possa ser útil a todos aqueles e aquelas que, no caminho pela busca das suas superações, no caminho da busca pelos seus desenvolvimentos cognitivos e etc., possam também desenvolver, em si, um espírito cosmopolita, ou seja:

1- Serem capazes de serem eles mesmos, mas não os mesmos sempre;

2- Serem capazes de aprenderem com os outros coisas que lhes tornem melhores do que são, do que conseguem ser sozinhos, mas sem, todavia, durante esses processos, quererem se tornar também cópias dos mesmos.

Numa outra via, esperamos também que essa obra possa ser útil à formação de uma geração mais humanizada e, por isso mesmo, também mais capacitada para poder compreender e superar as náuseas, espantos e/ou angústias existenciais, a partir da compreensão ou da consciência de que, ao nascer-se, começa-se também a morrer, ou seja, de que se vive – como diria Heidegger – uma espécie de “marcha para a morte”.

O autor


SAIBA MAIS 


SOBRE O AUTOR

Cleberson Eduardo da Costa (mais de 100 livros publicados, muitos deles traduzidos para outros idiomas), natural do Rio de Janeiro, é graduado pela UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro/1995-1998), Pós-graduado em educação (UCAM – Universidade Candido Mendes), Pós-graduando em Filosofia e Direitos Humanos (UCAM – Universidade Candido Mendes), Mestre e Doutor (livre) em Filosofia do conhecimento (epistemologia) e Pedagofilosofia Clínica (FUNCEC - pesquisa, ensino e extensão), Pesquisador, Professor universitário, Especialista em metodologia do ensino superior, Licenciado em Fundamentos, Sociologia, Psicologia e Filosofia da educação, Didática, EJA (educação de Jovens e adultos) etc.

Além disso, foi aluno Especial do Mestrado em Educação(1999-2001/PROPED/UERJ), matriculado, após aprovação em concurso, nas disciplinas [seminários de pesquisa] “ESTATUTO FILOSÓFICO” (ministrado e coordenado pela professora Drª Lilian do Valle); e “POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL E NA AMÉRICA LATINA” (ministrado e coordenado pelo professor Dr. Pablo Gentili).

Estudou também no curso de MBA em Gestão Empresarial pela FUNCEFET/RJ/Região dos Lagos (2003-2005); no curso de Pós-Graduação em Administração e Planejamento da Educação pela UERJ (1999-2000); e realizou vários cursos livres e/ou de aperfeiçoamento nas áreas da filosofia e da psicanálise por instituições diversas, entre elas a FGV (Fundação Getúlio Vargas) e a SBPI (sociedade brasileira de psicanálise integrada).

De 1998 a 2008, atuou como professor de ensino superior (Instituto Superior de Educação da UCAM/universidade Cândido Mendes) nos campus universitários de Niterói, Nova Friburgo, Araruama, Rio de Janeiro, Teresópolis, Rio das Ostras, etc.

Participou (em sua trajetória profissional e/ou intelectual acadêmica) de diversas pesquisas, como, por exemplo, o projeto UERJ-DEGASE, relativo à (EJA) e também em pesquisas centradas em problemáticas políticas, filosóficas e pedagógicas com professores renomados, como Pablo Gentili (UERJ/CLACSO), Cleonice Puggian (UNIGRANRIO), Carla Imenes (UEPG), Cristiane Silva Albuquerque (UERJ), Marco Antonio Marinho dos Santos (OCA/RJ) entre muitos outros.

Atualmente dedica-se à docência universitária; a pesquisas em educação; a consultorias relativas à educação, no sentido do aprimoramento, da superação e do desenvolvimento humano; à realização de palestras acadêmicas e multiorganizacionais e à produção de obras nos mais diversos campos do saber.

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