O
ser humano, atingindo ou não a sua chamada idade da razão, no encontro da vida
social com outros seres sociais, e/ou simplesmente por ter sido lançado no
mundo sem ter pedido e/ou sem saber a razão e nem o porquê, num determinado
momento de sua existência (em alguns casos mais cedo, em outros mais tarde)
tende a passar por náuseas, espantos, temores, tremores e/ou angústias
existenciais, onde todos ou quase todos os seus valores essenciais serão postos
em xeque, sendo passíveis ou não de quebras, restando-lhe apenas três
possibilidades.
1-
Tentar voltar, da maneira dita mais rápida
possível, depois do estado de caos sofrido, a ser ele mesmo, o mesmo de sempre,
sem buscar realizar quaisquer mudanças essenciais em si;
2-
Tornar-se patológico, isto é, passar a ser
considerado como alguém que, devido a grandes problemas existenciais, perdeu a
dita razão, não conseguiu reorganizar-se mentalmente e/ou voltar a si; ou, numa
outra via qualitativa:
3-
Transcender: construir novos sentidos para a
sua própria existência, tornando-a melhor e/ou mais significativa do que até
então era ou tinha sido, ou seja, antes de passar por estados de náuseas,
angústias, tristezas profundas, muitas vezes ocasionadas, por exemplo, em razão
de perdas socioafetivas, financeiras, doenças, perdas de familiares, mortes de
entes queridos, etc.
Na
primeira o ser não evolui: “quer voltar a ser ele mesmo”; “quer continuar a ser
o dito mesmo de sempre”; “quer voltar a sua vida “dita normal” o mais depressa
possível, como se nada de grave lhe tivesse de fato ocorrido, ou seja,
almejando-se esquecer-se logo de tudo o que de trágico vivenciou.
Na
segunda, o ser perde o logos, a razão, aprisiona-se patologicamente agora num mundo
imerso de caos e, sem forças para lutar, para reerguer-se, para superar-se,
“abdica da tarefa de viver”; “abdica da busca pela resolução dos seus problemas
existenciais mais profundos” e, à revelia de si, fora da sua consciência e/ou
da sua capacidade de superação, “opta” pelo “auto-abandono”.
Na
terceira, diferentemente das duas outras trágicas possibilidades, o ser
desenvolve a capacidade de transcendência ou a dita inteligência
transcendental: ele passa a querer criar e/ou dar um sentido para a sua própria
existência, para a realidade em que vive, buscando transformá-la ao transformar-se, isto é, buscando renová-la por meio da busca
pela renovação do seu próprio entendimento sobre o que vale ou não a pena ser
vivido. Ou seja, elegendo, para si, somente valores que, agora, possam ser
realmente dignos da sua existência.
II
Ao
coletivo de capacidades, competências e/ou habilidades (sejam de que naturezas
ou áreas do conhecimento forem) que fazem com que os seres, por meio deles,
consigam superar e/ou suportarem as suas náuseas, angústias, espantos, temores,
tremores, desesperos e passividade de viver, sem, todavia, nesses mesmos
processos, terem os seus “Eus” destruídos e/ou dissolvidos no meio da massa
humana, e que poucos homens conseguem desenvolver durante as suas inserções na
vida social, chamamos aqui de Inteligência Transcendental.
III
Na
primeira unidade, de forma epistemologicamente fundamenta, sob a égide da busca
pelo diálogo entre as ideias de pensadores existencialistas como Martin Heidegger,
Jean-Paul Sartre, Gabriel Marcel, Kierkegaard, do psicólogo Carl Rogers, e
também sob o olhar do filósofo independente Friedrich Nietzsche, discorreremos
sobre o que é a Inteligência Transcendental, e também sobre a sua importância
para o resgate e/ou manutenção da saúde dos seres sociais.
Na
segunda, didaticamente, apresentar-se-ão proposições éticas ou práticas, a fim
de que, por meio delas, a Inteligência Transcendental possa também – ainda que de
forma não utilitarista – ser utilizada como um mecanismo, não somente de defesa
ou resistência, mas também de luta ou busca pela preservação da identidade do
ser, durante os seus processos de encontro e/ou confronto com outros, os ditos
estranhos, estrangeiros e/ou diferentes.
Esperamos
que esse livro possa ser útil a todos aqueles e aquelas que, no caminho pela
busca das suas superações, no caminho da busca pelos seus desenvolvimentos
cognitivos e etc., possam também desenvolver, em si, um espírito cosmopolita,
ou seja:
1-
Serem capazes de serem eles mesmos, mas não os mesmos sempre;
2-
Serem capazes de aprenderem com os outros coisas que lhes tornem melhores do
que são, do que conseguem ser sozinhos, mas sem, todavia, durante esses
processos, quererem se tornar também cópias dos mesmos.
Numa
outra via, esperamos também que essa obra possa ser útil à formação de uma
geração mais humanizada e, por isso mesmo, também mais capacitada para poder
compreender e superar as náuseas, espantos e/ou angústias existenciais, a
partir da compreensão ou da consciência de que, ao nascer-se, começa-se também
a morrer, ou seja, de que se vive – como diria Heidegger – uma espécie de
“marcha para a morte”.
SOBRE O AUTOR
Cleberson Eduardo da Costa (mais de 100 livros publicados, muitos deles traduzidos para outros idiomas), natural do Rio de Janeiro, é graduado pela UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro/1995-1998), Pós-graduado em educação (UCAM – Universidade Candido Mendes), Pós-graduando em Filosofia e Direitos Humanos (UCAM – Universidade Candido Mendes), Mestre e Doutor (livre) em Filosofia do conhecimento (epistemologia) e Pedagofilosofia Clínica (FUNCEC - pesquisa, ensino e extensão), Pesquisador, Professor universitário, Especialista em metodologia do ensino superior, Licenciado em Fundamentos, Sociologia, Psicologia e Filosofia da educação, Didática, EJA (educação de Jovens e adultos) etc.
Além disso,
foi aluno Especial do Mestrado em Educação(1999-2001/PROPED/UERJ), matriculado,
após aprovação em concurso, nas disciplinas [seminários de pesquisa] “ESTATUTO
FILOSÓFICO” (ministrado e coordenado pela professora Drª Lilian do Valle); e
“POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL E NA AMÉRICA LATINA” (ministrado e coordenado
pelo professor Dr. Pablo Gentili).
Estudou
também no curso de MBA em Gestão Empresarial pela FUNCEFET/RJ/Região dos Lagos
(2003-2005); no curso de Pós-Graduação em Administração e Planejamento da
Educação pela UERJ (1999-2000); e realizou vários cursos livres e/ou de
aperfeiçoamento nas áreas da filosofia e da psicanálise por instituições
diversas, entre elas a FGV (Fundação Getúlio Vargas) e a SBPI (sociedade
brasileira de psicanálise integrada).
De 1998 a
2008, atuou como professor de ensino superior (Instituto Superior de Educação
da UCAM/universidade Cândido Mendes) nos campus universitários de Niterói, Nova
Friburgo, Araruama, Rio de Janeiro, Teresópolis, Rio das Ostras, etc.
Participou
(em sua trajetória profissional e/ou intelectual acadêmica) de diversas
pesquisas, como, por exemplo, o projeto UERJ-DEGASE, relativo à (EJA) e também
em pesquisas centradas em problemáticas políticas, filosóficas e pedagógicas
com professores renomados, como Pablo Gentili (UERJ/CLACSO), Cleonice Puggian
(UNIGRANRIO), Carla Imenes (UEPG), Cristiane Silva Albuquerque (UERJ), Marco
Antonio Marinho dos Santos (OCA/RJ) entre muitos outros.
Atualmente
dedica-se à docência universitária; a pesquisas em educação; a consultorias
relativas à educação, no sentido do aprimoramento, da superação e do
desenvolvimento humano; à realização de palestras acadêmicas e
multiorganizacionais e à produção de obras nos mais diversos campos do saber.
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