terça-feira, 21 de novembro de 2017

A LOUCURA DO ESPÍRITO (v.1): um estudo filosófico-noológico

TESE DE DOUTORADO EM FILOSOFIA, TEOLOGIA E SAÚDE MENTAL




(A5, 156 P.)

I
Hannah Arendt[1], em seu livro “Eichmann em Jerusalém: relatório sobre a Banalidade do Mal[2]” (1963), fala-nos sobre a existência do Homo Totalitarius[3], definido por ela como um fenômeno moderno. Ou seja, O Homo Totalitarius (Nazista, Fascista, etc.), segundo a filósofa, não existia, como tal, antes do início da era moderna (séc. XVI ou XVII). Na visão de Hannah Arendt, sendo assim, o Nazista Eichmann era “uma pessoa normal”, e o Nazismo também não tinha nada de demoníaco, patológico ou “psicopatológico”. Os nazistas, segundo ela, eram apenas o resultado, produto ou a consequência de um consentimento político dado por homens e mulheres completamente “normais” tal como Eichmann.
Pergunta-se:

Estaria Hannah Arendt, ao escrever esse livro e publicá-lo dois anos após o julgamento de Eichmann, tomada por um relativismo ético ao não caracterizar as práticas totalitárias (nazistas, fascistas, etc.) como atos patológicos ou psicopatológicos?

Pensa-se que não. Apesar de a filósofa, nessa época, ainda não ter escrito o livro “A vida do espírito”, o que só foi publicado em 1978, três anos após a sua morte (1975), certamente ela já tinha desenvolvido ou vinha desenvolvendo importantes axiomas sobre “O Pensar”. 
Segundo também teorizou Hannah Arendt, por exemplo, “O mal não é ontológico; não é uma patologia ou psicopatologia. Não é uma condição natural ou algo inerente ao ser. Não é metafísico. É consequência de um vazio do pensamento”. Isto é, “o mal”, segundo Hannah Arendt, “é político e histórico; é uma banalidade trivial de grupo ou de classe”.
A problemática, dentro desse novo contexto, agora seria outra:

Se o mal, como defendeu a filósofa, não é ontológico, não é natural, não é metafísico; se não é uma patologia ou psicopatologia inerente ao ser; se é político e histórico; se é uma banalidade trivial de grupo ou de classe (consequência de um vazio do pensamento), “qual seria então a origem do mal antes mesmo dele ser político e histórico?”.

Em outras palavras:

“De onde supostamente se origina o mal antes mesmo dele ser uma banalidade trivial de grupo ou de classe (político e histórico)?”
II
Embora respeitando-se toda a magnitude intelectual da filósofa, pensa-se, nesse livro (tese de Doutorado em Filosofia, Noologia e Saúde mental), não somente de forma diferente, mas também (radical e de conjunto) muito além dos axiomas defendidos por Hannah Arendt.
Longe de explicações pautadas em cunho religioso, para nós, mesmo que o mal não seja ontológico, mesmo que ele não seja uma patologia ou psicopatologia inerente ao ser, antes de ser político e histórico, grupal ou de classe, longe de ser o produto de um suposto vazio do pensamento, ele é sim metafísico: só que oriundo de um Desvio Metafísico e/ou filosófico; e, nesse sentido, também o mesmo que um estado de loucura: só que de uma Loucura do Espírito, uma vez que espírito, em filosofia, significa o mesmo que ideia.
III
1-  “O que é Desvio metafísico e/ou filosófico?” – certamente deve estar se perguntando o leitor;
2-   “O que é Loucura do espírito?”;
3-   “Como o espírito enlouquece?”.

Essas são algumas das grandes e importantes questões que problematizaremos e responderemos ao longo desse trabalho.



[1]   Hannah Arendt (filósofa) em 1972 foi convidada a participar como conferencista das Gifford lectures, na Universidade de Aberdeen. Durante a primavera de 1973 deu-se início esta série de palestras, titulada A vida do espírito. A filósofa, porém, proferiu somente a primeira parte de suas conferências sobre (O Pensar) em 1973. Foi impedida de continuar: faleceu em 4 de dezembro de 1975.
[2]   Banalidade do mal é uma expressão criada por Hannah Arendt (1906-1975), teórica política alemã, em seu livro Eichmann em Jerusalém, cujo subtítulo é "um relato sobre a banalidade do mal". Arendt retoma a questão do mal radical kantiano, politizando-o (ver: ponerologia). Ela analisa o mal quando este atinge grupos sociais ou o próprio Estado. Segundo a filósofa, o mal não é uma categoria ontológica, não é natureza, nem metafísica. É político e histórico: é produzido por homens e se manifesta apenas onde encontra espaço institucional para isso - em razão de uma escolha política. A trivialização da violência corresponde, para Arendt, ao vazio de pensamento, onde a banalidade do mal se instala.
[3] A ideia de totalitarismo como poder político “total” através do estado foi formulada em 1923 por Giovanni Amendola que criticou o fascismo italiano como um sistema fundamentalmente diferente das ditaduras convencionais.[5] O termo depois ganhou conotações positivas nos escritos de Giovanni Gentile, o principal teórico do fascismo. Ele usou o termo "totalitário" para se referir à estrutura e metas do novo estado. O novo estado deveria dispor sobre a "representação total da nação e a orientação total das metas nacionais".[6] Ele descreveu o totalitarismo como uma sociedade em que a ideologia do estado teria influência, se não poder, sobre a maioria de seus cidadãos[7]. Segundo Benito Mussolini[5], este sistema politiza tudo que é espiritual e humano. O conceito de totalitarismo surgiu nos anos 1920 e 1930. A visão de que ele foi elaborado somente depois de 1945 é frequente e equivocadamente.

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